• PROGRAMA DO OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA/UFT/CAPES/SECAD/INEP - EDITAL 001/2009 - PROJETO 014, intitulado A Educação Escolar Apinayé na Perspectiva Bilíngue e Intercultural

        O Projeto A Educação Escolar Apinayé na Perspectiva Bilíngue e Intercultural deu continuidade às ações de extensão desenvolvidas através do Projeto de Apoio Pedagógico à Educação Indígena Apinayé[1]. Para isso fez-se necessária uma breve exposição do que vem a ser este último referencial citado, sobretudo se considerarmos que o mesmo vem sendo desenvolvido ao longo dos últimos nove anos e já resultou em diversas publicações. 

    O Projeto de Apoio Pedagógico à Educação Indígena Apinayé, foi implantado nas escolas Apinayé e apresenta como objetivo principal a escrita conjunta, entre o professor coordenador dessa proposta e membros dos povos Apinayé, de material didático de apoio a educação indígena e a realização de curso de aperfeiçoamento que habilite os professores indígenas a atuar nas escolas de suas comunidades como professor do Ensino Fundamental e Médio. Tais ações surgiram a partir de uma proposta dos próprios professores Apinayé, que atuam nas escolas dessas comunidades, no sentido de contribuir para minimizar as dificuldades que os professores e alunos indígenas vinham/vêm enfrentando em relação à escrita ortográfica Apinayé, bem como na elaboração do material didático pelos próprios professores Apinayé e alunos indígenas, objetivando a revitalização e manutenção da língua e da cultura dos Apinayé, numa perspectiva de educação bilíngue, intercultural e de base diferenciada, levando em consideração os aspectos socioculturais, históricos e linguísticos desses povos. O trabalho que vem sendo efetivado nas escolas Apinayé já resultou na publicação dos livros  História e Geografia Apinayé, Matemática e Ciências Apinayé, Narrativas e Cantigas Apinayé, Receitas da Medicina Tradicional Apinayé, Inicia em Jaó e Finaliza em Raposa (de A a X) e Português Intercultural .

    A proposta do programa do observatório da educação escolar Indígena visa ampliar o trabalho de extensão, já existente, culminando com o de pesquisa e ensino, garantido assim aquilo que é o tripé de qualidade da Universidade Pública. Dois fatores nos levam a apresentar e defender a proposta aqui estruturada. O primeiro deles: consideramos que a Universidade Federal do Tocantins está geograficamente posicionada numa região que sabidamente permaneceu por longos anos alheia às ações do Estado, sustentando assim alguns dos mais baixos índices de desenvolvimento humano observáveis no Brasil. O segundo: a Escola Mariazinha, localizada entre os povos Apinayé  obteve a última colocação no ENEM do ano 2008.     

    Considerando o exposto acima podemos afirmar, então, que a pesquisa teve, na época como  objetivo geral auxiliar e investigar fatores preponderantes na educação do povo Apinayé. Dentro do objetivo geral teremos quatro pesquisas com objetivos específicos:

    Pesquisa 1) Auxiliar a construção conjunta de material de apoio pedagógico, entre eles livro de alfabetização, sistematizando as dificuldades lingüísticas e gramaticais no uso da língua Apinayé escrita.

    Pesquisa 2) Trabalhar com professores alfabetizadores Apinayé, numa perspectiva psicopedagógica, levantando características próprias da aquisição da escrita da língua materna; - Investigar famílias de crianças de até 2 anos de idade para verificar o processo de aquisição de língua materna com pais que são bilíngües/ multilingües. 

    Pesquisa 3) Demonstrar as estratégias através das quais os povos Apinayé constituem meios de resistência cotidiana a fim de preservar traços culturais identitários frente ao contínuo processo histórico de contato com a sociedade não índia e ao extermínio das línguas e das populações indígenas. 

    Pesquisa 4) foi desenvolvida pela bolsista Programa de Pós-Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura (PPGL), Ensino de Língua e Literatura da UFT/Campus de  Araguaína.



    [1] Projeto firmado pela UFT/ Araguaína, através do Laboratório de Línguas Indígenas, pela Coordenação de Educação Indígena da Secretaria de Educação do Estado do Tocantins , FUNAI de Araguaína e pela Coordenação Geral de Educação Indígena da FUNAI/Brasília