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Sobre o INCT TerrEcotox
A proteção da biodiversidade do solo tem sido uma preocupação de cunho econômico e ambiental em todo o mundo. O Brasil tem sua economia intrinsecamente ligada aos sistemas agrícolas e pecuários, os quais fazem uso de agrotóxicos e fertilizantes. O uso indiscriminado desses agrotóxicos na agricultura moderna tem despertado crescente preocupação devido aos potenciais efeitos adversos na saúde humana. Dentre as preocupações mais alarmantes estão a possível correlação entre a exposição a essas substâncias e o aumento dos casos de autismo, síndrome de Down, assim como o crescimento de doenças degenerativas em idosos. Abordar essas questões é inegável num contexto moderno e atual de “uma só saúde” considerando-se um efeito boomerang sobre o meio ambiente e o Homem como consequência das atividades antrópicas.
Diante desse cenário desafiador, a avaliação ecotoxicológica dos efeitos de agrotóxicos sobre organismos não-alvo, como é o caso dos organismos de solo, emerge como uma ferramenta crucial na busca por soluções mais sustentáveis. Ao compreendermos como esses produtos afetam esses organismos e os ecossistemas, podemos desenvolver estratégias mais eficazes para diminuir, minimizar ou até mesmo erradicar os impactos negativos sobre a saúde humana e do ambiente. A avaliação ecotoxicológica fornece indícios sobre os impactos na cadeia alimentar e nos processos biológicos, permitindo idealmente a implementação de práticas agrícolas mais seguras. Assim, a avaliação ecotoxicológica não apenas identifica os riscos, mas também orienta a formulação de políticas e práticas agrícolas mais seguras. Ao entendermos como os agrotóxicos interagem com organismos não-alvo, podemos desenvolver estratégias para reduzir a contaminação do solo, a exposição dos animais e, por conseguinte, a presença desses produtos na cadeia alimentar.
Desta forma, o INCT em Ecotoxicologia Terrestre tem como tema central a avaliação ecológica e ecotoxicológica dos agrotóxicos nos ecossistemas terrestres. O grupo de 22 pesquisadores brasileiros e estrangeiros participantes da equipe da proposta, vinculados à 14 instituições de ensino e pesquisa nacional e internacional, possuem um vasto histórico de colaborações, sendo este projeto uma excelente oportunidade para fortalecer o intercâmbio científico e tecnológico, de recursos humanos e inovação. Os estudos serão realizados em diferentes regiões do Brasil, gerando dados científicos que subsidiem ações das agências reguladoras, além da divulgação dos resultados para a comunidade científica e à sociedade em geral por meio de iniciativas dos diferentes parceiros do projeto. Espera-se obter um avanço expressivo nesta linha de pesquisa com o desenvolvimento e adaptação de metodologias para avaliar e monitorar os efeitos dos agrotóxicos sobre o solo e formação de recursos humanos. Além disso, a proposta pretende interagir com os produtores agrícolas, pensando e subsidiando alternativas para uma maior sustentabilidade nos sistemas de produção.
A transição para métodos agrícolas mais sustentáveis não só beneficia o meio ambiente, mas também contribui para a saúde da população. Menos exposição a resíduos químicos significa uma redução nos potenciais impactos na saúde humana, especialmente em grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos. Agricultores, órgãos reguladores, cientistas e consumidores desempenham papéis interdependentes nesse processo. O caminho para uma agricultura sustentável e uma população mais saudável requer esforços colaborativos, regulamentações eficazes e uma mudança cultural em relação aos métodos de produção de alimentos. Ao integrar a avaliação ecotoxicológica nas práticas agrícolas, podemos criar um ambiente em que a produção de alimentos seja compatível com a preservação da saúde humana e do ecossistema como um todo.