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Workshop sobre hidrelétricas discute impactos, alternativas para geração de energia e governança
A parte da manhã do segundo dia do Workshop “Rios, Terras e Culturas: Aprendendo com o Sistema Socioecológico do Tocantins", da Rede de Pesquisas em Barragens Amazônicas: Avançando a Pesquisa Integrativa e a Gestão Adaptativa de Sistemas Socioecológicos Transformados por Barragens Hidrelétricas, nesta quarta-feira, teve palestra com o professor Dr. Emilio Moran, do Centro para Mudanças Globais e Obeservações da Terra, da Universidade Estadual de Michigan (EUA). Também ocorreu uma mesa-redonda abordando questões relacionadas ao "Conhecimentos e políticas públicas: Desafios e oportunidades para melhorar a tomada de decisão e a governança socioambiental na Amazônia".
Promovido por meio de parceria entre universidades brasileiras e a Universidade da Flórida (EUA), o evento tem a participação de pesquisadores, professores, estudantes de graduação e pós-graduação de instituições brasileiras e estrangeiras. Na UFT o evento é organizado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente (PPGCiamb). O Workshop segue até sexta-feira; nesta quarta as atividades são realizadas no auditório do Bloco D (Anfiteatro), no Câmpus de Palmas.
Impactos na Amazônia
Em sua fala, o professor Moran - que estuda há cerca de 30 anos as bacias amazônicas, sendo autor de 11 livros e mais de 200 artigos científicos - falou sobre os impactos provocados por barragens mesclando com o conhecimento acumulado em torno de seus estudos sobre ecologia humana e uso da terra na Amazônia. Abordou, inicialmente, sobre os efeitos causados pela ocupação da Amazônia com abertura de estradas e, atualmente, com o avanço da hidreletricidade na região. Moran frisou na palestra que o Brasil não tem uma vocação hidrelétrica. "Dizíamos em 1972 que a vocação da Amazônia era mineral, e inventamos que a Amazônia tem vocação hidrelétrica; eu não creio nisso. Nenhum lugar tem vocação. Os lugares têm recursos e nós decidimos como usar esses recursos", disse.
Ele falou ainda sobre impactos ambientais, agrários e humanos causados pela construção de hidrelétricas na região amazônica. Segundo ele, as compensações não alcançam a totalidade do dano e ainda não melhora a vida das pessoas. "É preciso mudar o cálculo do setor elétrico. O objetivo é produzir energia e melhorar a vida das pessoas; não pode ser uma coisa ou outra. Hoje só quem se beneficia são as construtoras, que têm um lobby eficiente sobre isso", apontou.
Moran elencou ainda algumas alternativas que estão em estudo para produção de energia a partir da força fluvial, e que não envolvem a construção de barragens, e também novos sistemas decisórios que envolvam mais as populações que serão afetadas. Demonstrou, por meio de slides, alguns sistemas com turbinas submersas e instaladas no leito dos rios, e também sobre o crescimento da geração de energia eólica e solar - embora pondere que estão muito abaixo do que poderiam estar.
Conhecimento, políticas públicas e governança
Na mesa-redonda que sucedeu a palestra de Moran, os painelistas Ângela Livino (EPE), Robertson de Azevedo (MPE-PR), Brent Millikan (IRN), Iarla Dilascio (ICV), Cassiano Sotero Apinajé, Antônio Veríssimo da Conceição (Associação Pempxá), Carolina Doria (Unir) e Elisabet Anderson (FIU), abordaram o tema "Conhecimentos e políticas públicas: Desafios e oportunidades para melhorar a tomada de decisão e a governança socioambiental na Amazônia".
Programação
Na parte da tarde o Workshop terá palestra com a professora Karletta Chief, do Departamento de Solos, Água e Ciência Ambiental da Universidade do Arizona (EUA), a partir das 14h, e em seguida um painel sobre Gestão da Bacia do Rio Colorado (EUA), com Ted Melis (USGS), Lucas Bair (USGS), Benedict Colombi (Arizona University), Karletta Chief (Arizona University) e Denielle Perry (Northern Arizona University). A partir das 16h30 ocorrerá uma discussão guiada, seguindo-se, então para os processos de avaliação e encerramento do Workshop.
Transmissão ao vivo
O evento está sendo transmitido ao vivo por meio do canal de Youtube da Rede de Barragens Amazônicas (RBA), com auxílio da Diretoria de Audiovisual da UFT. Outras informações sobre o Workshop podem ser obtidas no espaço vistual criado para a conferência e também no site da Rede Barragens Amazônicas.