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2ª Marcha Vidas Negras Importam: um chamado à Universidade pela reparação e transformação social
A 2ª Marcha Vidas Negras Importam, que ocorreu no dia 30 de novembro em Palmas, surgiu como um ato de resistência e mobilização diante de um cenário alarmante para a população negra no Tocantins. Com o tema central “Por reparação histórica e pelo bem viver”, a marcha buscou chamar a atenção para a necessidade de políticas públicas que combatam o racismo estrutural, promovam a igualdade e assegurem direitos fundamentais à população negra e quilombola.
O Tocantins é um estado em que a maioria de sua população se autodeclara negra ou parda, representando 76,6% dos habitantes, segundo dados recentes do IBGE. Apesar disso, a realidade enfrentada por essas pessoas revela um histórico de exclusão, violência e falta de políticas efetivas de reparação. Os territórios quilombolas sofrem com insegurança jurídica, apenas uma das 53 comunidades certificadas pela Fundação Palmares possui terras devidamente tituladas, expondo essas populações a conflitos fundiários e ameaças constantes. Além disso, a violência racial e de gênero cresce de forma alarmante, refletindo uma sociedade que ainda não garantiu dignidade plena ao seu povo. Nesse contexto, a marcha não é apenas um grito de resistência, mas uma convocação à ação e à solidariedade.
A participação da Universidade Federal do Tocantins (UFT) na marcha é essencial e estratégica para o fortalecimento institucional e acadêmico. Como espaço de formação de conhecimento e promoção da cidadania, a universidade tem um papel crucial na construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Ao apoiar e se integrar a eventos como este, a UFT reafirma seu compromisso com a inclusão e com a luta antirracista, valores indispensáveis à sua missão como instituição pública.
A marcha também proporciona um momento significativo de articulação entre a universidade e a sociedade. A UFT, enquanto instituição acadêmica, não pode se abster de enfrentar as desigualdades estruturais que afetam diretamente boa parte de seus estudantes e servidores. A participação ativa em movimentos sociais possibilita ampliar o impacto de pesquisas e projetos de extensão voltados para a promoção da igualdade racial. Além disso, ao engajar-se na marcha, a UFT demonstra alinhamento com o objetivo de construir políticas públicas que garantam os direitos das comunidades quilombolas, promovam reparações históricas e assegurem uma educação que celebre e valorize a diversidade cultural.
Do ponto de vista pedagógico, a marcha oferece uma oportunidade única para a formação crítica e cidadã dos estudantes da UFT. A vivência direta em atos de mobilização e resistência fortalece a consciência social e promove uma aprendizagem que transcende as barreiras da sala de aula. Envolver-se na marcha é um exercício prático de cidadania e responsabilidade social, demonstrando que o conhecimento acadêmico só cumpre plenamente sua função quando está a serviço da transformação da realidade.
Ademais, a mobilização destaca a importância da universidade na articulação com movimentos sociais, sindicatos e coletivos negros, como o Gruconto, o Movimento Negro Unificado e o Núcleo de Igualdade Racial e Educação da UFT (Ierê). Essa sinergia fortalece não apenas as pautas do movimento negro, mas também a imagem da UFT como uma instituição comprometida com a justiça social e a igualdade racial.
A 2ª Marcha Vidas Negras Importam é mais do que uma manifestação, é um chamado à construção coletiva de um Tocantins e de um Brasil mais justos. Para a UFT, a participação ativa na marcha representa o compromisso com sua própria essência como espaço de inclusão, diversidade e promoção da cidadania. Que cada passo dado neste dia ecoe nas salas de aula, nos corredores e nos projetos da universidade, reafirmando que vidas negras importam e que a luta por igualdade é, também, uma luta institucional e acadêmica.
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