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Início do curso de Licenciatura Intercultural Indígena marca avanço para os povos originários do Tocantins
Nesta terça-feira (7), a Universidade Federal do Tocantins (UFT) deu início ao curso de Licenciatura Intercultural Indígena, uma iniciativa que atende a uma antiga demanda dos povos indígenas do estado por formação docente superior. A aula magna, realizada no Câmpus de Palmas, marcou uma nova etapa para 39 alunos pertencentes a quatro povos indígenas diferentes, oferecendo formação em nível de 1ª licenciatura, com duração prevista de quatro anos.
O curso, parte do Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica – Parfor Equidade, é voltado tanto para professores que já atuam em sala de aula quanto para outros membros das comunidades indígenas que desejam ingressar na docência. A abertura contou com a presença de representantes da universidade, professores e líderes indígenas, além de uma palestra ministrada pelo professor aposentado da UFT, Odair Giraldin, um dos percursores da ideia na universidade e no estado, que falou sobre "os três cês no ofício do professor".
Marco
Reijane Pinheiro da Silva, coordenadora do Parfor Equidade, destacou a importância do curso como resposta a uma demanda antiga das comunidades indígenas do Tocantins. “Temos muitos professores indígenas em sala de aula sem formação superior, e queremos contribuir com a educação indígena no estado, além de promover uma troca de saberes entre as comunidades indígenas e a universidade”, afirmou. Ela também ressaltou que a presença de estudantes indígenas na UFT potencializa a produção de novos conhecimentos e contribui para enfrentar desafios globais, como as mudanças climáticas.
Para Luciane Silva de Sousa, coordenadora local do Parfor, o início do curso representa um marco histórico. “Desde 2013 estamos trabalhando na organização de uma matriz curricular que atendesse às demandas dos povos indígenas do estado. O Parfor Equidade trouxe essa possibilidade, permitindo que esses povos alcancem uma graduação sem precisar sair do estado”, explicou. Luciane também expressou esperança de que o curso seja o ponto de partida para uma oferta contínua de formação intercultural na UFT.
Expectativa
Entre os estudantes está Alexandre Xerente, que atua há oito anos como professor dos anos iniciais e agora busca aprimorar seus conhecimentos. “A nossa meta é aprender mais, para levar esse conhecimento à nossa comunidade e incentivar outros a ingressarem no curso. Estou muito animado e grato pela recepção da UFT”, relatou. Ele também enfatizou a importância de aprender novas ferramentas, especialmente digitais, para aplicar em suas práticsa pedagógicas.
Consolidação
O pró-reitor de Graduação da UFT, Eduardo Cezari, destacou que o curso representa a consolidação de mais de 20 anos de esforços da universidade em prol das comunidades indígenas. “Trata-se de um projeto pioneiro, voltado à formação de professores para atuarem diretamente nas aldeias e escolas indígenas do estado. Esse curso também serve como piloto para futuras iniciativas destinadas a essas comunidades”, afirmou.
O professor aposentado Odair Giraldin, que teve papel fundamental na concepção do curso, celebrou o início das atividades. “Fico muito feliz que o curso começou com um grupo de professores experientes. Ver essa iniciativa finalmente se concretizar é motivo de grande esperança para a relação entre a universidade e os povos indígenas do Tocantins”, comentou.
Parfor Equidade
No primeiro semestre de 2024, a UFT ofertou 110 vagas para três novos cursos de licenciatura - Intercultural Indígena, Educação Escolar Quilombola e Educação Bilíngue de Surdos - por meio do Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica, o Parfor Equidade.
O programa é uma iniciativa da CAPES em parceria com a SECADI/MEC e visa atender às redes públicas de educação básica, promovendo a inclusão de comunidades historicamente afastadas da educação superior. Segundo o pró-reitor Eduardo Cezari, “O Parfor Equidade permite que a universidade compreenda melhor as dinâmicas e demandas específicas de comunidades indígenas, quilombolas e bilíngues, além de repensar suas práticas pedagógicas”.