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PNAB Busca Ativa Tocantins chega às aldeias mais populosas da Ilha do Bananal
A equipe do projeto “Transformando Conhecimento em Inovação: cultura, memória e arte” (Opaje/UFT) chegou na manhã desta quarta-feira, 25, à Aldeia Fontoura para auxiliar no cadastramento para o Edital de Cultura Indígena da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB). Essa ação é parte da continuidade do trabalho em todo o território do Tocantins, que já visitou aldeias indígenas e comunidades quilombolas em várias regiões do estado.
O projeto "Transformando Conhecimento em Inovação" busca promover a cultura no Tocantins em alinhamento com a PNAB. Suas metas incluem a busca ativa em comunidades indígenas e quilombolas, além de oferecer suporte para inscrições nos editais da PNAB 2024 e acompanhar a execução dos projetos aprovados. O projeto também se dedica a garantir acessibilidade e inclusão de grupos minoritários, como mulheres, negros e indígenas.
A pró-reitora de Extensão da Universidade Federal do Tocantins (UFT), professora Maria Santana, uma das coordenadoras do projeto, destacou a importância de ações como essa em regiões remotas, como a Ilha do Bananal. "Levar o PNAB Busca Ativa até as comunidades indígenas dessa área é fundamental para garantir que essas populações tenham acesso às oportunidades de financiamento e apoio cultural. Nossa missão é assegurar que os recursos cheguem a essas aldeias, promovendo suas tradições e fortalecendo suas práticas culturais. Muitos indígenas não têm condições de acessar essas informações e editais sem esse suporte; por isso estar aqui é tão importante."
O coordenador do Núcleo de Editais da Secretaria de Cultura (Secult), Tales Monteiro, destacou a importância de alcançar o público que reside em seus territórios. “É fundamental conseguir alcançar esse público que reside nos seus territórios tradicionais, que atua com a cultura nesses territórios através das suas manifestações culturais e seus rituais, tradições e expressões. Essa busca tem um objetivo primordial que é garantir o direito dessas pessoas ao acesso aos recursos para usufruir, preservar, desenvolver e ampliar a sua cultura. Então, tudo isso acaba contribuindo para a cidadania das pessoas, para a identidade cultural delas e para a cultura do Tocantins como um todo, porque elas são parte fundamental da cultura tocantinense”, afirmou.
Imprevisto
O grupo, composto por três agentes culturais e uma guia cedida pela Prefeitura de Lagoa da Confusão, partiu de Gurupi na manhã da terça-feira, 24, com destino à Aldeia Santa Isabel, na Ilha do Bananal. Contudo, ao chegar por volta das 23h, foram informados do falecimento de uma pessoa importante da comunidade, o que iniciou um luto de três dias, impossibilitando a execução das atividades planejadas. O cacique Tuila Silva Karajá acolheu o grupo, que descansou na aldeia e seguiu na manhã seguinte para a Aldeia Fontoura.
A coordenadora da equipe da região Sul, Marcela Cristina, falou sobre as dificuldades enfrentadas no acesso à ilha e a relevância do projeto. "A viagem foi um grande desafio. No caminho, encontramos alguns focos de incêndio e tentamos apagar os primeiros, que eram pequenos. Mais à frente, o fogo era maior e não conseguimos controlar. Foi uma pressão para toda a equipe, mas chegamos e começamos a trabalhar. Não podemos sair até concluir tudo, já que o acesso é bastante complicado."
Aldeia Fontoura
Comandada pelo cacique Fernando Maurama Karajá, a Aldeia Fontoura, localizada na Ilha do Bananal, abriga 489 indígenas, segundo dados do Instituto Sócio Ambiental (ISA). O povo Iny Karajá é conhecido por suas tradições culturais e forte ligação com os rios Araguaia e Javaés, que circundam a região.
A equipe também enfrenta outro desafio na comunicação, já que cerca de 90% dos indígenas da Aldeia Fontoura falam apenas a língua nativa. Para ajudar nas inscrições, o grupo conta com o suporte de dois intérpretes: Korati Karajá, agente de saúde indígena, e Eliseu Txikera, técnico de enfermagem da aldeia.
Korati Karajá, ao falar sobre a importância do projeto, destacou o impacto positivo da ação na preservação das tradições locais: "Nós estamos muito contentes com a vinda desse projeto para a nossa aldeia. Ele é fundamental para que as novas gerações continuem aprendendo sobre nossas tradições, como o artesanato, que é passado de geração em geração. Aqui, fazemos colares, bandejas e outros objetos, e as mães e avós ensinam as crianças desde cedo. Esse apoio da Secretaria de Cultura vai ajudar a manter vivo o nosso conhecimento e a nossa história, além de abrir novas oportunidades para nossa comunidade."
Na Aldeia Fontoura, a equipe está instalada em uma creche, onde realizará as atividades até sexta-feira, 27. Após o término do trabalho, o grupo planeja retornar à Aldeia Santa Isabel, assim que o período de luto for concluído.